Tuesday, August 03, 2004

Revolução

Por que todos têm medo de uma revolução social ? Kant apavorava-se diante das notícias da Revolução Francesa, que lhe chegavam à Könisberg. Hegel, embora crítico do idealismo kantiano e mais atento ao espírito da história, considerava que a filosofia só nascia após a barbárie dos acontecimentos que marcavam as grandes rupturas históricas. Grau zero da razão e da filosofia, as revoluções não cumprem leis nem mandamentos: segundo Rudolf von Ihering, sob o aspecto jurídico toda a revolução é condenável. Por isso, Robespierre, diante dos que queriam realizar o devido processo legal de Luís XVI, proferiu o seguinte discurso:

"A assembléia, sem o perceber, distanciou-se muito do verdadeiro problema. Não se trata aqui de instaurar um processo. Luís não é acusado. Vocês não são juízes. Não são e não podem deixar de ser mais que homens políticos, representantes da nação. Não devem pronunciar uma sentença a favor ou contra um homem, mas, sim, adotar uma medida de saúde pública e exercer um ato de prevenção nacional (...). Luís não pode ser julgado; já está condenado, e, se assim não for, a república não está fundada. De qualquer forma, propor a instauração do processo de Luís XVI significa voltar ao despotismo monárquico e constitucional; é uma idéia contra-revolucionária porque significa por em dúvida a própria revolução (...). Os povos não julgam como tribunais; não promulgam sentenças: fulminam. Não condenam o rei: reduzem-no a nada; e esta justiça é melhor que a justiça dos tribunais".

0 Comments:

Post a Comment

<< Home