Monday, September 19, 2011

Linguagem e poder

Quando as crianças começam a pronunciar palavras como governo, política, sou assaltado de angústia. Sinto como se estivessem sendo traídas, sem poder saber por que. Sua inocência as impede de apreender a dimensão de horror que aquelas palavras encerram. Sequer compreendem a superioridade de sua infância com relação à história daqueles sons; não conseguem entender que nelas mesmas - frágeis criaturas - reside toda a possibilidade de um recomeço. É então que, desesperadamente, me apresso para fazer as coisas certas, com a face ruborizada de vergonha.

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